Ele morreu, mas retornou para aterrorizar seus pares. Suas carnes estão pútridas, fedorentas, e habitas por vermes. E, ele também adora cérebros... Mas enfim, o que então torna Morgan, único entre outros zumbis. Ao menos este é o mote dado por Douglas Eralldo, autor do livro que deve ser lançado em maio pela Editora Literata.
Segundo o escritor, a diferença está justamente no fato que será Morgan, o zumbi que nos contará tal história. Um morto-vivo protagonista, que pensa e possui conflitos em sua nova situação de existência. Um convite que leva você a imaginar, “e se eu virasse um zumbi?”.
Zumbis, na literatura são mostrados como as mais reles criaturas. Sem poderes, sem beleza, vagantes que espalham terror, sem ter a mínima consciência, agindo simplesmente a mercê de seus instintos de rapina em busca de comida: carne e cérebros. Até então zumbis surgem como personagens que ambientam um cenário caótico, seja simplesmente para entretenimento, ou até mesmo para críticas sociais o políticas, servindo sempre para seus criadores trabalharem em cima de personagens humanos, quase sempre a fim de exterminarem os mortos novamente. Mas não é isso que acontece em Morgan: O único.
O livro narrado em primeira pessoa traz todos os conflitos do sujeito simples que ressuscita de seu túmulo, exatos sete dias após sua morte. O personagem, o zumbi protagonista é apresentado a cada capítulo em todas suas incongruências e antagonismos, e mesmo diante de tal figura sinistra, é possível prosseguir acompanhando cada desenlace que provoca inesperada aparição.
Morgan é o único não somente por sua condição de protagonista, mas também por surgir talvez como um dos únicos zumbis com nome e sobrenome. Por manter em seu cérebro consumido pela fagulha da morte a capacidade mínima de pensar. E se torna ainda mais único quando mesmo depois da morte o amor manteve-se vivo em sua alma. E é o amor, algo improvável numa trama com zumbis, o combustível de intensas descobertas, e reviravoltas. No entanto Morgan, arduamente descobrirá que zumbis não nasceram para ser protagonistas, que dirá então amar!